Osasco - Jurubatuba
O que fazia ele acreditar que aquela conversa no Nextel era interessante pra todo mundo?
Daqui do fundo, no meu banco, eu conseguia ouvir toda a rotina dele, fracionada, mas ouvia.
Trabalho, praia, mulheres, futebol e fim de semana eram palavras que eu identificava mais facilmente.
Não, e não era só eu que tava envolvido na conversa não, tinha uma tiazinha do meu lado, com uma sacola branca do Carrefour no meio das pernas, que tava prestando, acho que até mais atenção do que eu.
O trem tava cheio, não tinha gente de pé, mas todos os lugares estavam ocupados.
Na minha frente era engraçado, tinha uma menina que acordou e chegou a tirar um dos fones do ouvido só pra ficar prestando atenção na conversa do cara do Nextel.
E lá no fundo continuava o diálogo público, um bip ele falava, outro bip ele ouvia.
O cara do outro lado era corinthiano, dava pra saber porque o de cá lembrou da derrota no jogo de ontem, que por sinal foi merecida. Erraram muitos passes, chutaram pouquíssimo, e fora que assim a gente continua na frente da tabela.
Como o trem ia em silêncio, a única distração acabou sendo mesmo a conversa dele. Às vezes até saia umas coisas engraçadas. Foi numa dessas que a menina da frente olhou pra mim e deu risada. Bem, isso era um sinal, acho que daqui sai alguma coisa, pensei comigo. Na próxima brecha dela eu solto um comentário.
O papo continuou, assim como as trocas de olhares ansiosos por uma iniciativa. Acho que ela esperava eu falar alguma coisa, tipo, ela, sozinha, no trem, não ia falar comigo, além de dada ia parecer fofoqueira né? Puxou papo comigo sobre a conversa dos outros? Não, ela não ia falar. Se eu quisesse conhecer a menina da frente eu teria que abrir a boca.
Mais umas duas estações passaram, o papo continuava e eu também, esperando outro sorrisinho convidativo. Já nem prestava mais tanta atenção na conversa, fiquei aguardando o gancho pra soltar um comentário na hora certa.
Paramos na terceira estação, acho. A porta abriu e entrou um filha da puta de boné pra trás com um celular na mão ouvindo funk no último volume. O som abafou a conversa do Nextel, ninguém do lado de cá conseguia ouvir mais nada. Aí, a menina da frente colocou o fone de volta no ouvido, encostou a cabeça no vidro, fechou os olhos e voltou a dormir.
Sempre tem um pra ouvir música no celular.
Ah essa merda de tecnologia.
Daqui do fundo, no meu banco, eu conseguia ouvir toda a rotina dele, fracionada, mas ouvia.
Trabalho, praia, mulheres, futebol e fim de semana eram palavras que eu identificava mais facilmente.
Não, e não era só eu que tava envolvido na conversa não, tinha uma tiazinha do meu lado, com uma sacola branca do Carrefour no meio das pernas, que tava prestando, acho que até mais atenção do que eu.
O trem tava cheio, não tinha gente de pé, mas todos os lugares estavam ocupados.
Na minha frente era engraçado, tinha uma menina que acordou e chegou a tirar um dos fones do ouvido só pra ficar prestando atenção na conversa do cara do Nextel.
E lá no fundo continuava o diálogo público, um bip ele falava, outro bip ele ouvia.
O cara do outro lado era corinthiano, dava pra saber porque o de cá lembrou da derrota no jogo de ontem, que por sinal foi merecida. Erraram muitos passes, chutaram pouquíssimo, e fora que assim a gente continua na frente da tabela.
Como o trem ia em silêncio, a única distração acabou sendo mesmo a conversa dele. Às vezes até saia umas coisas engraçadas. Foi numa dessas que a menina da frente olhou pra mim e deu risada. Bem, isso era um sinal, acho que daqui sai alguma coisa, pensei comigo. Na próxima brecha dela eu solto um comentário.
O papo continuou, assim como as trocas de olhares ansiosos por uma iniciativa. Acho que ela esperava eu falar alguma coisa, tipo, ela, sozinha, no trem, não ia falar comigo, além de dada ia parecer fofoqueira né? Puxou papo comigo sobre a conversa dos outros? Não, ela não ia falar. Se eu quisesse conhecer a menina da frente eu teria que abrir a boca.
Mais umas duas estações passaram, o papo continuava e eu também, esperando outro sorrisinho convidativo. Já nem prestava mais tanta atenção na conversa, fiquei aguardando o gancho pra soltar um comentário na hora certa.
Paramos na terceira estação, acho. A porta abriu e entrou um filha da puta de boné pra trás com um celular na mão ouvindo funk no último volume. O som abafou a conversa do Nextel, ninguém do lado de cá conseguia ouvir mais nada. Aí, a menina da frente colocou o fone de volta no ouvido, encostou a cabeça no vidro, fechou os olhos e voltou a dormir.
Sempre tem um pra ouvir música no celular.
Ah essa merda de tecnologia.
Comentários
Mas, essas viagens às vezes rendem alguma coisa, não é mesmo... é uma pena que ficou apenas em troca de olhares...
Aliás, acho que a gente pega o mesmo trêm, Tiagão. Só que eu desço em Itapevi. Sim, na última. :/
abração
Beijo Naty e Bella.
Pega o trem em qual estação e que horas Fernandão?
Belo texto!
=D
Quando pego ele na estação St.Amaro,bate uma tristeza instantânea,a frente o doce aroma e a paisagem do Rio Pinheiros com flores que só podem ser artificiais,ao som de música clássica,nada contra,mas a combinação é ótima.E pra completar na plataforma em horário de pico,parece que vc tá no meio de um jogo de futebol americano,seres que desconhecem a Lei de Newton...Impenetrabilidade já!
Fora isso gosto dele.
(Derrota merecida?Ahhhhh,Ti)
agora flertar no buzú, é tão... passageiro.
_
ISA, tá eu sei que é passageiro, mas é literatura pura, então pode né?
_
Báh, perdi então, é isso?
Beijos.
já te sigo, viu? linkarei ao meu blog, fica bem e parabéns!
Li todos os comentários e já habilitei.
Volte sempre.
Microabraço.
normal!
Dúvido você paquerar alguma garota na linha vermelha, depois do Bresser, no sentido Corinthians-Itaquera!
Bjs!
=D
Sempre tem e sempre terá essa inclusão tecnológica uma hora ou outra ia ter suas desvantagens.
Mas pena que só ficou naquela olhada e naquele sorriso, mas transcendeu pro blog.
Adorei mesmo.
Abraço
_
Valeu Thiagão.