poesia é uma carapuça que serve no coração de quem lê.

sonhei que furava balões.
meus dedos eram agulhas macias
mas que faziam perfeitamente seu trabalho.
não existia nada que eu não conseguisse encostar.
tudo era inflável. cada objeto que eu via.
cada coisa no mundo tinha um formato aconchegante
de uma bexiga.
as coisas furavam. vazavam. mas não diminuíam.
o mundo seguia sua forma.
eu era midas sem poder nenhum.
por mais indelicado que eu fosse
por mais desajeitado que eu parecesse
o mundo me recebia.
me acariciava dizendo que eu não faria mal algum.
que eu seguisse com minhas mãos tentando achar um jeito de repousar.
acordei segurando seu corpo.
você ainda dormia.
vazando um sorriso leve pelo canto da boca.
mas ainda cheia de amor.

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