exímio senhor escrevente

venho por meio deste retificar
o não dito.
rescrever o poema que não foi escrito.
palavras que não formaram nada. onde já se viu
não enxergar coisa alguma na folha em branco recitada em silêncio.
uma revoada de pássaros-grafite frustrada com a migração que não chegou
nas lâminas de celulose. como pode
fabricar-se tanta tinta de caneta pra tão poucas belezas caligráficas.
assino e boto fé que um dia há de ter letras aqui.
desde já agradeço a atenção e o compromisso por esta carta
desconhecida em firma.
o tabelião não faz ideia de como foi difícil não produzir nada. e mesmo assim
ter uma avalanche de palavras caindo sobre minha cabeça.

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