Insanidade social
- Do céu virão as piores coisas. Do céu cairá tudo o que vocês jamais imaginaram. Tudo o que todas as guerras, todas as doenças, os conflitos e as mais cruéis diarréias levaram. Do céu todos os mortos voltarão. - Afrânio, considerado o louco, pregava sua religião diária e solitariamente.
Há anos todos conheciam Afrânio e sua tese sobre como seria o fim do mundo. Figura conhecida já faz quase três gerações. A sociedade não se importava com a demência, segundo eles mesmos, de Afrânio. O incômodo de suas profecias proclamadas em alto e nem tão bom som, já se fazia cotidiano. No início, queriam sim, pôr fim ao louco que perambulava pela cidade, suas gritarias de avisos futurescos e grotescos, irritaram os moradores durante anos. A sociedade perdeu, porque o comércio perdeu, porque o turismo perdeu.
Mas o que no começo era problema, depois virou solução. Os moradores de Fenjó, souberam aproveitar a popularidade que aquele pobre louco conquistou, para recuperar os turistas que ele mesmo dispensou.
- Do céu virão as piores coisas. Do céu cairá tudo o que vocês jamais imaginaram. Tudo o que todas as guerras, todas as doenças, os conflitos e as mais cruéis diarréias levaram. Do céu todos os mortos voltarão. - Quanto mais Afrânio falava, mais engraçada se tornava a sua ridícula encenação.
Conhecido como Nostradamus de Fenjó, ele não se importava com os comentários que o julgaram há anos. Tinha uma certeza, a sociedade ia pagar por tantas mortes que causara em todos esses anos. Mas de nada adiantava, quanto mais falava mais louco parecia. Ninguém se importava com as “profecias” do Nostradamus de Fenjó. Só ele, que apesar de “louco”, continuava preocupado com o que ele mesmo falava.
Um dia, não se sabe quando. Uma certa hora, não se sabe qual. Um certo alguém, não se sabe quem. Avistou algo muito estranho apontando no céu. Um pequeno ponto que de perto se revelou bem diferente disso. Numa velocidade incomparável, um corpo caiu do céu. – Meu Deus! – Exclamou Dona Jorja – É meu pai!
Mais e mais corpos vinham do céu em direção a terra como mísseis numa guerra. Os corpos não paravam de cair. Os corpos caiam, destruíam carros, casas, lojas e matavam mais pessoas. As pessoas começaram a morrer, bombardeadas por outras pessoas. Os que ainda sobravam, tinham a cara coberta de sangue e a mente coberta de desespero.
Ninguém entendia o que estava acontecendo, mas Afrânio, ainda conseguiu explicar antes que um braço atingisse sua cabeça e expusesse seus miolos – Eu sempre avisei. Um dia o céu não aguentaria mais tantos corpos que vocês mesmos colocaram lá.
Comentários
Cara, é bom a gente dar ouvido pro Japinha Cantor da linha vermelha... vai que ele tá falando a verdade!
Chá de cogumelo? Tá doido, imagina aquele cara com cogumelo na mente. Seria a catástrofe mundial exponencial.
Eu não preciso me preocupar com isso pq não tem como cair do inferno. hehehe
O negócio tá feio então heim hehe.
Consegui assistir o filme de ontem,mas aposto q se Nietzsche assistisse iria chorar mesmo!!!hehe,não gostei....
Assistiu então? É ruim mesmo hehe?
O outro é hoje né?
Beijo.
e tb Senhores do Crime,semana que vem A Outra,esses 2 já ouvi falar não sei se é bom,mas é de graça!rs
bjs
Muito bom.
Muito cool seu conto cara, me lembra alguma coisa que eu esqueci o.O