vaso bom quebra

se tem uma certeza que sempre tive na vida foi a morte.
vejo os meninos brincando de esconde-esconde na rua.
talvez eles se achem.
talvez não.
vejo o casal que namora no banco da praça.
talvez eles se casem.
talvez não.
vejo a pomba me olhar no beiral da janela.
talvez ela voe.
talvez não.
a vida é cheia de talvezes em cada certeza.
vejo mamãe na cama.
a morte não é talvez.
a morte vem chegando
ora chega gritando avisando que tá aqui
ora chega de mansinho
pé ante pé
no ritmo da respiração que vem acabando.
ouço um barulho estranho
viro rápido pra dentro do quarto
esbarro na estante
vejo o vaso cair em câmera lenta
talvez ele quebre.
talvez não.
em cima da cama 

não tem mais nenhum talvez.

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