depois da luta o luto

quando a dor vai embora
sobram pratos e prantos quebrados.
da janela vejo a sirene mudar de som enquanto se afasta
estica as ondas e a dor
prolongando a tragédia.
quando uma ambulância passa sempre me pergunto quando vou ouvir de dentro.
tenta não parecer sirene
mas não engana ninguém.
é sirene.
leva com ela um corpo e um copo de esperança
meio vazios.
o sangue seca na calçada.
murcham plantas em casa
não cuido nem de mim.
o luto é companheiro.
quando o preto chega nos olhos
a vida escurece.
o chão é gelado.
apesar do corpo ainda quente
sinto frio.
a próxima ambulância é minha.
poucos sonhos a gente consegue realizar.

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