Ana

Fora o telefonema (que convenhamos, não conta) o primeiro contato foi o dos olhos. Depois vieram outros dois: a fala e a audição; acho que não necessariamente nessa ordem. Foi uma troca de experiências; nada profundo, mas trocaram.

Os sons em volta pareciam não incomodar, as pessoas em volta pareciam não falar e o passado deles parecia não existir. Era uma vida nova, na verdade, duas vidas novas, e só uma residência desconhecida.

A cama dele não esperava alguém tão cedo. O contato de agora era por conta das bocas. Uma secreção minava dos corpos, era salgada apesar de ser resultado de um momento doce. As roupas não impediam mais os olhos de imaginar.

As mãos trêmulas deixavam os corpos em êxtase. Os corpos em êxtase deixavam as mentes tensas. As mentes tensas deixavam as mãos trêmulas. Era um ciclo que fechava, e fechava muito bem.

A situação aumentava o prazer, os corpos suados, nus e impacientes pela troca de fluidos, não resistiram à espera dita romântica, logo se atacaram. Foi sublime.

Ele demonstrou ter sido normal, mas era a melhor transa com uma desconhecida; ela demonstrou ser incrível, mas na verdade houve outras bem melhores; só que não confessaram, preferiram manter as aparências.

Quando a noite deixou de ser escura, despediram-se normalmente. Ela já estava acostumada com isso, pegou seu pagamento pelo prazer reciprocamente proporcionado, e mesmo ambos sofrendo com a saudade, nunca mais voltaram a se ver.

A única coisa que sabia dela, era um papel escrito “Ana Fogosa XXXX-XXXX”, mas preferia não reencontra-la. Pelo menos, não por esse nome.

Comentários

Natalya Nunes disse…
Eita, Ti!
Vc sabe como ninguém a receita para instigar nossa imaginação, hein!

Eu estava com saudades desses seus Contos, viu lindo...

Super beijo!
Moni Saraiva disse…
Por isso mesmo é que eu sempre achei que eram mais de cinco, os sentidos...
Victor Carvalho disse…
Eu continuo defendendo que prostitutas são, sim, mulheres sensíveis.
Nessas palavras, então, elas são verdadeiras deusas da arte de amar (uma maneira bonita de falar 'sexo', né não).
Tiago Moralles disse…
Nat, Moni e Victor.
O amor tem várias facetas, várias, formas, intensidades e origens.
O importante não saber de onde vem, mas pra onde vai.
Microabraços.
Flor de sal disse…
putz!! você não faz idéia da 'viagem' que fiz até "pegou seu pagamento" ui! acordei, sorriso nos lábios, cara de tonta...

P.S soprando velinhas com você hoje...

Beijos de felicidade!
Estefani disse…
“A situação aumentava o prazer, os corpos suados, nus e impacientes pela troca de fluidos, não resistiram à espera dita romântica, logo se atacaram. Foi sublime.”



Uau!!! Que a mente vagou longe desta vez...hehe

O sempre procurado e indefinido amor apresenta diversas faces diferentes, e todas

elas sempre "mexem" com nossa alma...



Adorei.



Beijos

Deka disse…
Adoro finais surpreendentes. ;)
[ rod ] ® disse…
A sensação de corpos que se unem 'in' ou conscientemente provocam sentidos de vida. Paga-se e não apaga-se o desejo feroz que mesmo ao romântico toque exalam o animal que há em nós.!

Abs meu caro.
Camila disse…
Tão intenso quanto surpreendente.
BeijOs
Moni Saraiva disse…
Ixe... Hoje é aniversário!

Desejos bem bons, viu??? Aqueles, assim, bem guardados...
E por que não, "Anas" também... não menos fogosas, mas nem tão expostas, um tanto mais doces e de preço incalculável...

Microbeijos...Macrofelicidade!
Sempre surpreendente!

Adorei também
o comentário da Moni!

Beijo,
doce de lira
Intenso! Gostoso de se ler!!!
Adorei o Blog!!
Abraços
Renato
Tiago Moralles disse…
Obrigado a todos.
Rê's, Estefani, Deka, Camila, Rod, Moni novamente, principalmente pelos parabéns. Carinho e interação.
Renato, obrigado também pela visita.
Marga Dambrowski disse…
Adoro ponto e vírgula escancarado.
Mais ainda, reticências veladas.

Fantástico!
Camila de Souza disse…
O que me encantou mesmo foi a sua resposta aos comentários ali em cima.

Beijo
Luciana Marinho disse…
tu conseguiste materializar na estrutura do conto a própria sedução, o passo a passo para chegarmos a um ponto grave: cumpri, enquanto leitora, esse ritual de aproximação (como o personagem cumpriu também) para ao fim ser arrebatada amorosamente pela tua escrita. é um dos textos mais bonitos que li ultimamente em blogs. um abraço!
Barbara C disse…
Situação interessante dos dois so o que posso dizer . Isto acontece pelos menos ja ouvi historias..

Ti valeu pela visitinha no blog

bjos
Tiago Moralles disse…
Que bom Marga hehe.
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O primeiro comentário né Cá?
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Encantado Lu.
_

Barbara, depois conta um pouco dessas histórias pra gente hehe.

Microbeijos.
Sakana-san disse…
É sabido que eu não quero filhos, mas se viesse que fosse uma menina. Ela se chamaria Ana.
Anônimo disse…
Acho que em qualquer orelhão ele encontra outras Anas, ou a mesma.
Aline Castelan disse…
Tempos sem viajar pelas aventuras do texto, chego aqui e me deparo com esta excepcionalidade do erotismo.

Intenso, lindo e apaixonante.

O telefone e o nome pouco importam. O momento compensa.

AMEI!

Beijnhos, Tiago.

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