Poderia se chamar ouvido

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Não poderia começar mais um post de filmes sem fazer referência sobre eles. Essa semana, Arnaldo Jabor fez uma crítica que dizia mais ou menos assim, “o cinema brasileiro na verdade, começou com a fome e agora está jantando todo mundo”, fazendo alusão aos últimos prêmios, indicações e aos nomes nacionais em evidência lá fora. Acrescento mais, o cinema brasileiro começou com a fome, com a miséria, com a pobreza, com a violência e até hoje continua assim, a diferença é que estamos utilizando com uma melhor harmonia forma e conteúdo, tanto, que o premiado esse ano com o Urso de Ouro em Berlim, “Tropa de Elite”, fazia ótimo uso da forma, e um dos dois indicados à Palma de Ouro em Cannes, “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas também faz (o outro como já comentamos aqui é do Fernando Meirelles, que aqui usa muito bem o conteúdo). A crítica de Jabor continuava, ”enquanto os filmes hollywodianos estão fazendo uso de efeitos cada vez mais pirotécnicos, seus conteúdos estão deixando a desejar”, o que passa a abrir mais espaço para o cinema e os profissionais daqui.

Agora sim posso continuar o post, tratando mais especificamente de um filme. Com sua estréia em longas, Marcos Jorge dirige “Estômago”, que como disse no título, poderia muito bem se chamar “Ouvido”. O filme conta a história de Raimundo Nonato, muito bem interpretado por João Miguel, o qual conquistou prêmios de melhor ator no Festival do Rio 2007 e no Festival de Punta Del Este com esse trabalho. O que me agradou no filme foram realmente as interpretações, as boas sacadas e a ousadia de exagerar nos palavrões (por isso da sugestão ouvido) que são muito mais visíveis do que qualquer menção ao estômago, algumas cenas simples que não trazem náusea a ninguém (cenas que com certeza você já deve ter visto corriqueiramente em algum filme do Tim Burton), aparecem durante momentos esparsos, mas nada muito forte. Já o que não me agradou no filme, foram alguns clichês e a sequência da narrativa, que com o desenrolar da história começa a ficar muito previsível.

Com essas brincadeiras de sentidos e com retalhos de uma autópsia cinematográfica, o filme não é ruim, só é menos do que eu esperava, está mais para uma versão gastronômica brasileira de “Perfume” do que para um filme tragicômico como disse Marcos Jorge. Que a pesar dos pesares tem um final interessante, e por si só já vale a pena prestigiar o cinema nacional.

Comentários

Anônimo disse…
quer maior prova do talento do cinema brasileiro que esse vídeo?
http://br.youtube.com/watch?v=Y1hzDzAvJOY
Tiago Moralles disse…
Nossa, eu ví esse, muito bom né.
Imagina como não deve ter sido gratificante?

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