AHHHHHHH

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Salvador Dalí
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Desculpem mas precisava gritar. Esse é mais um corriqueiro momento vivido após acompanhar mais uma das obras do “Dalí” do cinema. Conhecido por uma minoria, acompanhado por poucos e entendido por quase ninguém, esse é
David Lynch. Tive a coragem novamente de encarar mais um de seus devaneios cinematográficos. Sei que vou parecer um masoquista mental, mas gosto dele.

Império dos Sonhos” seu último trabalho, rodado em 2006 (demorei para ver pois preciso de tempo e calma para assistir aos seus filmes), com 3 horas quase exatas de duração, o filme é uma teia de verdades, ilusões, sonhos, lembranças, loucuras e dúvidas que é montada e desmontada na nossa frente. Nikki Grace, a protagonista da obra surreal, vive (ou sonha, como queiram) uma atriz apaixonada, que ganha o papel para estrelar um remake. O problema é que o filme original nunca foi concluído devido à morte dos atores. A partir de então, Nikki passa a revezar entre sua vida real e Susan Blue, o papel que conquistou.

A trama, como já é comum de Lynch, vai abrindo leques e leques de rumos e idéias desconexas, que vezes por outra acabam interligando-se por pequenos detalhes que aparecem em cena. Entre passeios da vida real para o filme e do filme para a vida real, o diretor me faz lembrar (só lembrar) “A Rosa Púrpura do Cairo” de Allen. Já entre as confusões de personalidade de Nikki e Sue me faz lembrar (só lembrar também) o ótimo trabalho de Eduardo Coutinho, “
Jogo de Cena”. Quem diz que tudo na vida tem explicação, é porque ainda não assistiu a um dos clássicos de Lynch, onde na maioria das vezes a arte imita a vida, os sonhos, os pesadelos, as loucuras, enfim, imita tudo.

Nesse trabalho, David é responsável pela direção, roteiro, fotografia, montagem e produção, óbvio, quem mais poderia entender suas belas e artísticas loucuras. O filme não tinha um roteiro pré-formulado, foi sendo escrito e filmado ao mesmo tempo, tanto que nas primeiras cenas, Lynch nem tinha a intenção de rodar um longa. Pronto, falei, não venho recomendar para ninguém, o que precisava mesmo era desabafar. Ufa.

Comentários

Unknown disse…
Parece interessante.
Iasnara disse…
e pensar que ele era pintor, quando teve a impressão de ver uma de suas pinturas em movimento, para só então se interessar por cinema.

ainda não assisti o "Império dos Sonhos", mas, tomei nota da dica. coincidentemente, ontem (re)vi Wild at Heart, o meu preferido dele.

surreal é pouco, o Sr. Lynch é transcendente.
Tiago Moralles disse…
Não é atoa que ele viu um quadro em movimento hehe.
Agê Alessandro disse…
Ele é um gênio. E nenhum gênio é unanimidade.

Por coincidência, ontem assisti novamente Cidade dos Sonhos, uma trama enigmática e intrigante. O legal de ver novamente é a possibilidade de sacar coisas que tinham passado em branco.

Ah, a Trip do mês passado trouxe uma entrevista com David Lynch - "Silêncio, gênio pensando". Muito boa.

Abs.

Agê.
Tiago Moralles disse…
Porra, que dica, vou correr atrás dessa edição.
Ah, Cidade dos Sonhos é realmente um filme para se ver mais de uma vez.

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