Branco literário
Incansavelmente eu tentava resgatar algumas palavras do ainda mínimo repertório que tinha. Não era fácil. Além da saudade que a inspiração deixava, minha simples bagagem não era suficiente nem pra uma humilde viagem ao mundo da criatividade literária.
Foram letras difíceis. Muito difíceis por sinal. A cada nova palavra que esboçava se formar, um turbilhão de alegria se exauria, e óbvio, secava novamente a fonte da insistência.
Não era fácil.
Inquietação, desespero e raiva da mente, tomavam conta do meu corpo. O corpo, por sua vez, sentia a ânsia de vomitar naquele pedaço branco do editor de texto, apenas uma palavra. Uma - maldita - palavra - que - pudesse - resgatar - a - inspiração.
Mas, contra minha vontade, o relógio não parou seu ciclo, o tempo não deixou de seguir sua forma rápida e cruel de passar e o insensível pontapé inicial não saia. O branco se tornava mais branco. Eu não sabia o que cuspir na tela. Escarrar, quem sabe; até o asco poderia resolver o meu problema.
Mas não. Nem ele apareceu.
Foram no começo, saudáveis minutos, depois, estranhas horas e agora, agonizantes dias. Mas não veio. Nada. Nem mesmo uma frase, um ditado, um trocadilho ou quem sabe um trocadalho.
Seco.
Escasso.
Parco.
Poderia ser um verso. É. Isso. Um verso. Pedi à memória que resgatasse qualquer resquício romântico, perdido e largado no fundo do inconsciente. Mas o que eu não lembrava é que não amo faz tempo. Não sei mais o que é amor.
Nossa. Será que até isso secou? Já não bastava a inspiração para escrever? Por que o amor também teve que sumir?
Não, por favor, o amor não. Pedi inocentemente, deixe-me pelo menos o amor pela escrita. Com ele acho que recupero a inspiração.
Nada feito.
Cheguei ao final dessa crônica sem saber como começar. Não sei se estou em uma abstinência literária criativa ou apenas em uma rebeldia mental. Não sei mesmo. A única coisa que sei agora, é, socraticamente, que nada sei.
Foram letras difíceis. Muito difíceis por sinal. A cada nova palavra que esboçava se formar, um turbilhão de alegria se exauria, e óbvio, secava novamente a fonte da insistência.
Não era fácil.
Inquietação, desespero e raiva da mente, tomavam conta do meu corpo. O corpo, por sua vez, sentia a ânsia de vomitar naquele pedaço branco do editor de texto, apenas uma palavra. Uma - maldita - palavra - que - pudesse - resgatar - a - inspiração.
Mas, contra minha vontade, o relógio não parou seu ciclo, o tempo não deixou de seguir sua forma rápida e cruel de passar e o insensível pontapé inicial não saia. O branco se tornava mais branco. Eu não sabia o que cuspir na tela. Escarrar, quem sabe; até o asco poderia resolver o meu problema.
Mas não. Nem ele apareceu.
Foram no começo, saudáveis minutos, depois, estranhas horas e agora, agonizantes dias. Mas não veio. Nada. Nem mesmo uma frase, um ditado, um trocadilho ou quem sabe um trocadalho.
Seco.
Escasso.
Parco.
Poderia ser um verso. É. Isso. Um verso. Pedi à memória que resgatasse qualquer resquício romântico, perdido e largado no fundo do inconsciente. Mas o que eu não lembrava é que não amo faz tempo. Não sei mais o que é amor.
Nossa. Será que até isso secou? Já não bastava a inspiração para escrever? Por que o amor também teve que sumir?
Não, por favor, o amor não. Pedi inocentemente, deixe-me pelo menos o amor pela escrita. Com ele acho que recupero a inspiração.
Nada feito.
Cheguei ao final dessa crônica sem saber como começar. Não sei se estou em uma abstinência literária criativa ou apenas em uma rebeldia mental. Não sei mesmo. A única coisa que sei agora, é, socraticamente, que nada sei.
Comentários
Adorei isso:
" Não, por favor, o amor não. Pedi inocentemente, deixe-me pelo menos o amor pela escrita. Com ele acho que recupero a inspiração."
mas repito, gosto da escrita assim, tiagoresca.
...revejo as horas.
os ponteiros do relógio
parecem ter adormecido
num coma profundo.
caminho perdida, entre
as folhas brancas
dos meus pensamentos
que nem eu própria
sei entender.
sinto que me falta algo,
mas não sei o quê.
é um nada em
quatro folhas,
com o significado
da existência
do não existir.
o nada é ôco como
uma casca de noz,
tênue como a asa
da borboleta.
a realidade passa
ao meu lado, e
eu estremeço!
vejo-a e quase lhe toco.
e no entanto, recuo,
deixando que a alma decida.
só ela conhece os caminhos
secretos da minha vida.
hoje excepcionalmente
sem inspiração.
bj, querido!
Um comentário praticamente mais importante que um post.
Adorei.
Beijo inspirado.
Hj vcs me inspiraram...Bj, Pattricia
Mas aí tem um outro, mais foda que ele - o tal do Tempo - que vira a ampulheta e nos joga de cabeça pra baixo à mercê da sua vontade.
Aí, é assim: cada um escolhe: perde tempo tendo raiva de se sentir marionete ou curte o sobe-e-desce como se estivesse num parque de diversões...
Tá, eu tô Pollyanna.
Tenho que ficar...rs
Não tem saído nada por aqui tb.
E olha que eu lembro bem o que é o amor...
Beijim, moço!
Lembrei dessa música:
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras momentos.
Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar...
Palavras ao vento!
(vc até sem inspiração,
é inspirado(r))
Beijo.
Isso é genialidade seca. Ah! Se é.
Ele não amava havia tempo ,era um sinal pra a que inspiração sumisse.
bjs
adorei